quarta-feira, 30 de junho de 2010

A CRÔNICA

TARAUACÁ, FOSTES ONTEM, ÉS HOJE.



Professor Erlan Mourão - SEME


Eta minha terra do abacaxi grande e agora da jacuba com óleo!


Já tivestes dias melhores heim!!? Ou foram piores?

Confesso que não sei te dizer o que é pior, se aqueles tempos em que se ficava na fila de madrugada para se comprar um quilo de carne, mas se tinha a certeza de se voltar para casa senão com carne, pelo menos com sono, mas sãos e salvos. Ou hoje, em que temos em cada esquina tua um bom açougue, mas não podemos desfrutar de tuas madrugadas e praias por medo dos 128 (terçados) que nelas brilham.

Será que eram piores os tempos em que as pobres mulheres da aninga não podiam encontrar-se com as damas da cidade, por venderem seus amores para os homens de “bem” ou hoje em que meninas de 11 e 12 anos transitam livremente entre nós “andorinhando” seus corpos para estes mesmos homens de “bem”.

Será que eram piores aqueles tempos em que tua luz elétrica nos deixava apenas com a branda luz do luar, mas podíamos adormecer de janela aberta contemplando este mesmo luar. Ou se hoje, tempo em que temos eletricidade o dia e a noite toda (ou quase toda), mas temos de ficar acordados com a luz acesa por medo de levarem nossos lares com luz e todos os apetrechos que neles tiverem?

Será que era melhor o tempo em que tínhamos tão poucos automóveis automotores que tínhamos que levar para o hospital nossos doentes a pé ou na garupa de tuas muitas bicicletas, ou hoje em que temos ambulância (que quase sempre funciona), táxi, moto-táxi e até, pelo menos um vizinho solícito que possua um possante para essas emergências, mas temos que ir rezando para chegarmos neste hospital ilesos e não termos ao invés de apenas uma morte por nó nas tipas, termos duas ou três por “coco rachado”?

Confesso-te já perdi noites de luzes acesas (ou velas acesas quando das muitas vezes tua luz elétrica me falta) uma hora admirado e agradecido com teu progresso e outra saudoso dos tempos de outrora, pacato tempo da mulher bonita e do abacaxi grande, dos festivais da canção, do cinematógrafo das tardes de domingo, das brincadeiras de roda de tuas crianças das serestas e fogueiras na praia em noite de lua alta.

Mas te digo uma coisa minha Tarauacá, terra dos rios e das tronqueiras, sou forte, sou guerreiro e não te deixo jamais!





Autoria: Prof. Erlan Mourão na OLIMPÍADAS DE LÍGUA PORTUGUESA

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